segunda-feira, 4 de agosto de 2008

ALGO SOBRE A BURRICE...


Não tenho vergonha em dizer que ontem me chamaram de burra. Certo que as vezes eu mesma me chamo, mas não gosto, claro, que ninguem me chame. Tipo o negro que anda com uma camiseta escrita assim: 100% negro, mas se alguém na rua disser: ei seu negro.Ele vai e processa...Então fuçando sobre a burrice achei interessante esse texto.

O MEDO CAUSADO PELA INTELIGÊNCIA "Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: - "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta." E ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:
"Há tantos burros mandando Em homens de inteligência Que às vezes fico pensando Que a burrice é uma Ciência". Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas, enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender. É um paradoxo angustiante. Infelizmente temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues:
- "Finge-te de idiota e terás o céu e a terra".
O problema é que os inteligentes gostam de brilhar, que Deus os proteja..."


PS: Prefiro continuar assim como sou...:)

3 comentários:

Anônimo disse...

Também prefiro.
=D

Animal-X disse...

Não gosto de citações... me deixa com a impressão de que não sou capaz de pensar em algo.

Mas o ser humano vive de exemplos, e assim sendo, como os macacos muitas vezes acaba por imitar os seus similares e outrem.

Normalmente por vício recorro ao dicionário para terminologias lingüísticas. Vejamos :

bur.ra
s. f. 1. Fêmea do burro. 2. Náut. Cabo de mezena. 3. Cofre para guardar dinheiro, jóias, pedras preciosas etc. 5. Bloco rochoso grande, nas lavras diamantíferas da Bahia.

bur.ri.ce
s. f. 1. Qualidade de burro, acep. 3. 2. Ação própria de burro, acep. 3.

bur.ro
s. m. 1. Zool. Produto híbrido resultante do cruzamento da égua com o jumento; mulo. 2. Jumento. 3. Fam. Indivíduo estúpido, grosseiro, teimoso ou muito ignorante. Adj. Asnático, estúpido, imbecil. Pra burro, Gír.: em grande quantidade; muito, em demasia.

A língua portuguesa é fantástica.

Muitas vezes as pessoas podem empregar a mesma palavra em diferentes situações, mesmo que se tenha um ar pejorativo ou até mesmo rude.

Claro que isso também dependerá do alcance perceptivo do receptor da mensagem.

E de mais a mais, ser chamado de burro (a) conscientemente ninguém gosta. Mas tornar isso um habito é assinar em baixo.

Eu poderia citar Einsten, mas também não serve de exemplo, porque ele realmente tinha dificuldade em matemática, mas ninguém ousaria dizer que ele é um fracasso em física.

Até por não gostar de citações, também não vou fazê-lo a Pitágoras e a Tales de Mileto. Anaxágoras que foi professor de ambos nunca achou que Pitágoras realmente levasse jeito para os cálculos.

Mas sem perder o foco e deixando de me alongar neste comentário, Churchill precisou que um não político fizesse o que tinha que ser feito, para que ele (o político e negociador) pudesse entrar para história. E Nelson... o que dizer dessa excelência? Se realmente ele se preocupasse com o que Deus faz o deixa de fazer, nunca poderia ler a respeito dos pequeninos seios de Engraçadinha...

Mas como detesto citações, também não vou parafrasear Gandhi: “ O Silêncio antecede algo surpreendente... A descoberta do conhecimento!”

X

Letras do rodapé disse...

Nossa, como vc é inteligente...
Demonstrou um conhecimento invejável.
Eu sou burra, mas sou feliz e acho q a vida é belíssima...